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Numa concorrência envolvendo 152 propostas e 370 pesquisadores de todo o Brasil, dois projetos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) estão entre os 39 aprovados, e um deles ficou em primeiro lugar nacionalmente.
Trata-se da “Iniciativa Amazônia +10”, um edital lançado pelo Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), órgão que congrega as faps dos 27 estados brasileiros. A iniciativa foi gerida pela Fapesp, de São Paulo, e conta também com o apoio do Governo de Alagoas:
‘Precisamos festejar essa aprovação”, explica o diretor executivo de CT&I da Fapeal, professor João Vicente Lima: “Os projetos foram avaliados criteriosamente por um painel de especialistas de todo o país. Pela importância do bioma amazônico para o Brasil e para o mundo, essa iniciativa foi tomada e Alagoas não ficou indiferente”, comentou o gestor.
Lima esclarece ainda que um ganho importante é que, com esse tipo de colaboração, os pesquisadores do estado vão fortalecer suas redes profissionais, e também poderão conectar seus alunos com a preocupação intelectual de pesquisar sobre a Amazônia, agregando ao conhecimento local:
“A gente, obviamente, investe na pesquisa sobre a realidade alagoana, mas do ponto de vista da educação do nosso pesquisador é muito importante que ele tenha uma visão mais ampla e qualificada, interagindo com grupos que não sejam restritos a Alagoas. Então, temos esse processo interessante de aprendizado. Tudo que acontecer no ambiente do edital Amazônia+10 vai reverberar em termos de ganho de conhecimento para a nossa comunidade de pesquisa local”.
Saúde humana e ambiental
O professor Abelardo da Silva Júnior é médico veterinário e doutor em bioquímica agrícola, vinculado à Ufal. Ele coordenou a proposta mais bem colocada do Brasil, em colaboração com colegas Ferederico Monteiro, da Universidade Federal da Amazônia (Ufam) e Rinaldo Mota, da Universidade Federal de Pernambuco.
“Temos que ter um olhar holístico diante dos problemas que afetam a Amazônia. As mudanças climáticas decorrentes dos impactos ambientais sofridos lá afetam o Brasil e o mundo. Neste sentido, Alagoas também vem sofrendo mudanças decorrentes deste processo. Adicionalmente, esta proposta permitiu inserir o estado entre grupos de pesquisa com grande visibilidade. O projeto também permite trazer para cá o conceito de saúde única preconizado pela OMS, na qual a saúde animal, humana e ambiental são indissociáveis, e estudos colaborativos neste necessário devem ser estimulados”, comentou.
A pesquisa em si, deve ser realizada no Rio Araguaia, no estado do Tocantins, com foco na espécie Inia araguaiaensis, o boto do Araguaia, um golfinho típico de rios, que está ameaçado de extinção. O cientista explica:
“Os golfinhos de água doce da Amazônia estão entre os hospedeiros negligenciados do ponto de vista da saúde pública. Devido à maior ocupação das margens dos rios e a maior proximidade entre botos e humanos, faz-se necessário estudos de monitoramento da saúde e análise de riscos destes animais que são indispensáveis para garantir o equilíbrio ambiental, e impedir o surgimento de novas ou formas mais graves de doenças infecciosas de animais para humanos.” adiciona o pesquisador.
Comunidades
O outro projeto selecionado que terá a participação de Alagoas, via Ufal, chama-se “Resiliência em sistemas socioambientais ribeirinhos na Amazônia”, coordenado pelo professor Vandick Batista, oceanógrafo e doutor em Biologia de Água Doce e Pesca, com a colaboração das pesquisadoras Flávia Kelly, da Ufam e Evanilde Benedito, da Universidade Estaudal de Maringá, no Paraná.
Propostas de 19 estados brasileiros foram aprovadas no Edital Amazônia +10.