O corpo de Roberta Dias nunca foi encontrado (Foto: reprodução )
No último domingo (18), moradores do Pontal do Peba, praia localizada na cidade de Piaçabuçu, encontraram um crânio humano. De acordo com informações divulgadas pela imprensa de Penedo, a polícia desconfia de que pode se tratar de Roberta Dias, estudante desaparecida há nove anos.
A mãe da jovem esteve no Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca para solicitar a comparação do material genético.
De acordo com Mônica Reis, mãe de Roberta Dias, a desconfiança foi motivada porque o crânio foi encontrado no mesmo local onde o acusado disse ter enterrado a jovem.
“Como foi naquele local, onde ele disse que enterrou, eu estive no IML hoje cedo para ver o que poderia ser feito para identificação do crânio. Como no banco de dados do órgão já consta o meu material genético, que foi colhido quando outra ossada foi encontrada também no Pontal do Peba, em 2019, os legistas só farão a comparação do meu DNA com o do crânio encontrado no último domingo (18 de abril)”, explicou Mônica.
A mãe de Roberta declarou ainda que uma pessoa que participa da realização desses exames e já havia analisado preliminarmente o crânio encontrado revelou que as características são mesmo de um crânio de alguém do sexo feminino e que tem aproximadamente a mesma quantidade de tempo do desaparecimento da jovem grávida.
“Já me adiantaram lá no IML que o crânio era de alguém do sexo feminino e que não era de algum crime recente. São muitas coincidências, mas só nos resta esperar. A previsão é de que o laudo esteja pronto em até seis meses, mas como já consta o meu material genético esse prazo pode ser menor”, acrescentou.
Roberta Dias foi raptada das imediações da Praça de Santa Luzia, em Penedo, no dia 11 de abril de 2012 e nunca teve seu corpo encontrado. Anos depois, um áudio, que inclusive foi periciado pela Polícia Federal, vazou nas redes sociais mostrando um diálogo entre dois jovens, onde um deles confessa que matou a jovem enforcada, com o fio de uma extensão de som automotivo e que enterrou o corpo em um trecho situado entre o Pontal do Peba e Feliz Deserto, com a ajuda do pai da criança que ela esperava.
O processo segue em tramitação na 4ª Vara Criminal de Penedo, e tanto o réu confesso de ter praticado o crime, quanto a então sogra da vítima, que também foi denunciada pelo Ministério Público, seguem em liberdade. Ambos respondem por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima); ocultação de cadáver e aborto provocado por terceiro.
Relembre o caso
Um dos crimes que mais chocou o Baixo São Francisco alagoano completou, no último dia 11 de abril, nove anos sem respostas. Trata-se do desaparecimento da estudante Roberta Dias, que na época tinha 18 anos.
Ela estava grávida de três meses, e desapareceu próximo a Praça Santa Luzia, instantes após deixar uma clínica onde realizou uma consulta de pré-natal.
Um ano e quatro meses após o crime, as primeiras prisões sobre o caso foram realizadas, durante uma operação integrada. Na época, policiais civis chegaram a ser ligados ao crime.
Em 2018, um áudio que vazou pelas redes sociais trouxe uma verdadeira reviravolta sobre o caso. Trata-se da gravação de uma conversa entre duas pessoas, onde uma delas confessa ter matado a jovem Roberta Dias.
O áudio de mais de 16 minutos foi analisado e confirmado como verdadeiro por peritos da Polícia Federal.
Na gravação, um jovem de 18 anos, identificado como Karlo Bruno Pereira Tavares, conta os detalhes de como matou a jovem, em companhia de Saulo Araújo, que era apontado como sendo o pai do filho que Roberta Dias esperava quando foi morta.
No mesmo ano em que a gravação vazou, a 6ª Promotoria de Justiça de Penedo instaurou denúncia contra Karlo Bruno e uma mulher de 54 anos, identificada como Mary Jane Araújo Santos, que teria sido a responsável por encomendar o crime.